Os desafios do planejamento urbano e a atuação dos arquitetos e urbanistas no pensar das cidades foram debatidos durante o Seminário Arquitetura e Urbanismo: da Formação à Atribuição Profissional, realizado nesta quarta e quinta-feira (5 e 6/9), em São Paulo/SP. O evento, que contou com seis mesas de discussão, tratou das diversas frentes de trabalho dos profissionais, que vão desde projetos de arquitetura e urbanismo, arquitetura de interiores, arquitetura paisagística, planejamento urbano e regional até patrimônio histórico, cultural e artístico. A vice-presidente da Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas (FNA), Eleonora Lisboa Mascia, participou do seminário debatendo junto a outros especialistas sobre planejamento urbano e regional. O evento também contou com a presença do presidente da FNA, Cicero Alvarez.

Segundo Eleonora, o seminário foi extremamente relevante por ter abordado de forma ampla as atribuições e atividades do arquiteto e urbanista. “É fundamental tratar da formação continuada, da graduação, especialização, mas também da formação relacionada ao exercício profissional. O perfil do aluno de arquitetura e urbanismo está mudando, a partir da democratização do acesso ao ensino superior, e deve se buscar responder às expectativas com um ensino de qualidade. Só com bons profissionais, preparados para atender a sociedade, será possível ter valorização da arquitetura e urbanismo.”

 

Foto: Cicero Alvarez

Um dos pontos altos foi a palestra da arquiteta e urbanista Maria Ermelina Malatesta, professora externa da Mackenzie, que abordou a formação e a participação do arquiteto e urbanista nas políticas públicas de mobilidade urbana ativa – a pé ou por meio de bicicletas. Segundo ela, iniciativas do poder público para esta área ainda são muito recentes e incipientes. Essa responsabilidade, segundo ela, também cabe às faculdades de arquitetura do Brasil, que, segundo a professora, ainda não passaram a priorizar em sua grade curricular cursos específicos sobre mobilidade urbana ativa. “Mesmo que os futuros profissionais não venham a atuar nesta área, é importante que seja feita uma conexão entre mobilidade urbana ativa com projetos de arquitetura urbana, sejam eles públicos ou privados”, destaca Maria Ermelina, que durante sua palestra apresentou os altos custos para a sociedade de quem opta pelo uso frequente de veículos particulares na mobilidade urbana diária.

A profissional enalteceu o objetivo do encontro em São Paulo que permitiu a reunião de profissionais de diversas áreas de atuação para chamar a atenção sobre essa deficiência ainda latente do mercado de arquitetura e urbanismo. “Algumas faculdades têm cursos de mobilidade urbana, mas sem esse foco específico que contempla pedestres e ciclistas”, afirma a responsável pela primeira turma de curso de extensão sobre mobilidade ativa, na Universidade Mackenzie (SP).

Outra participação de peso foi a da arquiteta e urbanista Delcimar Marques Teodozio, também conselheira do CAU/SP. Com uma abordagem muito pertinente, a profissional falou sobre a importância do papel político do arquiteto e urbanista no processo de planejamento urbano. “A nossa participação na cidade é a de estimular com que as prefeituras promovam projetos de obras públicas como obra de arte. Nós devemos fazer com que as diretrizes urbanas sejam seguidas, principalmente quando se trata da qualidade de vida urbana”, ressalta a arquiteta, afirmando que a população precisa ter acesso à cidade e se mover com mais dignidade.

Para ela, os arquitetos precisam ser proativos e protagonistas nas mudanças urbanas, participando de conselhos e estimulando o debate na cidade. Ainda segundo Delcimar, é preciso também mais atenção na formação dos estudantes, para que busquem participar mais das discussões nas comunidades, ampliando assim a visão sobre o que fazer em termos de planejamento urbano.

O seminário foi uma promoção do CAU/BR e do Colegiado das Entidades Nacionais de Arquitetos e Urbanistas (CEAU), que reúne o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), a Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA), a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP) e a Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (FeNEA) como entidade convidada.