Tornar as áreas centrais das cidades possíveis de morar, viver e trabalhar. Com foco prioritário na cidade do Rio de Janeiro, este é o objetivo do trabalho desenvolvido pela equipe de pesquisa do Observatório das Metrópoles, coordenado pelo professor Orlando Alves dos Santos Junior, que, inclusive, já pautou a produção de dois curtas-metragens.

O estudo coloca em discussão o centro da capital fluminense como uma área que pode atrair investimentos e com grande potencial para moradia. “O centro tem muitos vazios urbanos, imóveis subutilizados, com uso intenso durante o dia e subutilização à noite. Há imóveis vazios, inclusive do governo federal”, exemplifica Santos. A pesquisa também aborda a área como produtora de riquezas, com grande circulação populacional e grande efervescência cultural.

Realizado em parceria com a Central de Movimentos Populares (COM) e com o Movimento Unido dos Camelôs (MUCA), o projeto intitulado “Morar, Trabalhar e Viver no Centro” é realizado no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Seu ponto de partida foi a construção do Porto Maravilha e a reestruturação do centro da capital carioca. “Nos chamou a atenção que o projeto não previu habitações de interesses sociais”, revela o coordenador.

Curtas-metragens

O projeto “Morar, Trabalhar e Viver no Centro” originou a produção de dois curtas-metragens: “Cortiços no Centro” e “Camelôs do Centro”. No caso dor cortiços, a intenção é mostrar a relevância dos seus moradores enquanto público consumidor e economicamente ativo. “É uma população que tem grandes laços de solidariedade, que vêm de fora para trabalhar ou estudar. Ao invés de negá-la, precisamos conhecê-la”, pontua.
O curta sobre os camelôs é o mais recente e abre debate para as dificuldades do trabalho informal, desde as opressões aos trabalhadores até a falta de transparência na distribuição das licenças a necessidade de mudança nas ações dos órgãos fiscalizadores. Santos, a ideia é, até o fim deste ano, reunir moradores de cortiços, camelôs, entidades governamentais, instituições e órgãos reguladores para discutir a pesquisa e criar bases para regulamentar os cortiços e ampliar os espaços de trabalho os trabalhadores ambulantes.

Foto: Ostill / IStock