Após alcançarmos o ápice de mortes de trabalhadores brasileiros no país, causada pelo total descontrole da pandemia do novo coronavírus, o Governo do Distrito Federal, por meio da Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal) executou, nesses últimos dias, mais uma ação desumana e arbitrária, destruindo os barracos de moradia ocupados por catadores de lixo, próximo ao CCBB no Setor de Clubes Norte.

A atitude vai contra lei de 2020 que impede que sejam feitos despejos de ocupações frente a situação de calamidade que continuamos vivendo, em que a única prevenção realmente eficaz é o isolamento e o distanciamento entre as pessoas. Como essas pessoas devem ficar em casa, se seu único abrigo está sendo destruído pelo próprio governo, que deveria protege-las? Em pleno colapso da saúde com qual objetivo se privam as pessoas, que pacificamente ocupam uma área que está há anos sem uso, de tentar se proteger e viver suas vidas?

Em vídeo transmitido ao vivo em sua rede social, o ativista Thiago Ávila, o qual já acompanhamos em ações de defesa à dignidade humana, se encaminhava em direção absurda e ilegal operação de retirada da ocupação para apresentar a liminar judicial já concedida para impedir a remoção das famílias, quando foi surpreendido pelo Subsecretário de Operações do DF Legal, Alexandre do Nascimento Bittencourt, que lhe deu uma ordem de prisão.

Toda a cena foi inacreditável e o ativista seguiu levado para a delegacia enquanto a operação de destruição das casas das famílias seguia acontecendo. Felizmente, o ativista já foi solto, mas a atitude do GDF se caracteriza claramente como tentativa de intimidação.

Lutar por direitos garantidos não é crime! Denunciar atitudes contra o direito à moradia das pessoas muito menos!

Nós do Sindicato dos Arquitetos de Brasília nos solidarizamos ao companheiro Thiago Ávila e repudiamos veementemente as atitudes do GDF ao cercear seu direito à liberdade de expressão. Por fim, nos solidarizamos e apoiamos as famílias em situação de vulnerabilidade social que estão sendo removidas de maneira ilegal do local, sem terem seu direito básico à moradia digna reconhecido pelo próprio Estado.